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A Casa do Patrimônio Serra da Capivara representa a incubadora de projetos interdisciplinares ligados a educação e preservação do patrimônio cultural, material e imaterial na Região Sudeste do Piauí, e esta ligada ao IPHAN em parceira com as universidades locais e as comunidades que vivem e produzem cultura no entorno do Parque Nacional Serra da Capivara.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

O Patrimônio em Cena na Busca pelo Tempo Perdido
 
 

A Cidade dos Aromas – São Felix/BA. − © http://www.ufrb.edu.br/ebecult/wp-content/gallery/cidade-de-cachoeira/rio-3.jpg. - Retrato (0.20 x 0.25cm).

 
 
A importância de um evento acadêmico que tenha como foco um trabalho de Extensão torna-se cada vez mais propício para divulgar e relatar as aprendizagens vivenciadas, tanto na ambiência universitária ou no ambiente prático de uma aula de campo, permitindo aos alunos e professores, aproximarem-se da realidade previamente estabelecida no perímetro de uma região a ser estudada e, em razão dos debates teóricos desenvolvidos em sala de aula ao longo de um Semestre, podem chegar o mais próximo da identidade de um pesquisador. O Património em Cena esta em sua quarta edição e caminha para se efetivar como um encontro de pesquisadores para trocas de múltiplas experiências. Vincula-se aos estudos do Patrimônio, da Memória e se incorpora a uma Sociologia do Imaginário, pois quer sempre estreitar os laços que separam as questões de Preservação Patrimonial, ligando-a as diferentes dimensões da cultura material, permeada pelas dimensões culturais, políticas, pedagógicas e transversais.
Nesta empreitada, a cidade heroica de Cachoeira na Bahia, palco de grandes conquistas no processo de Independência, foi tomada pelos alunos da Disciplina Preservação Patrimonial III do Curso de Arqueologia e Preservação Patrimonial de São Raimundo Nonato, no Sudeste do Piauí. Na ocasião, foi possível identificar e discutir aspectos da produção e organização do espaço geográfico urbano, em especial os elementos de ordem ambiental, patrimonial, econômicos, sociais e culturais, tendo como referencial o Patrimônio Urbano. Para dar conta dessa empreitada, elegeram-se como pontos de visitação as áreas de ruinas/casarios nos arruados do burgo de Cachoeira e São Felix, cidades separadas pelo Rio Paraguaçu. Nestas localidades verificou-se que ainda ocorrem algumas práticas de preservação do patrimônio arquitetônico colonial, visto que são cidades tombadas e, apresentam diversas experiências de ressignificação do patrimônio como vetor de desenvolvimento cultural e patrimonial, passando pelo turismo sustentável e pelos processos de revitalização da cultura e dos costumes da comunidade através da memória e do pertencimento. Isto posto, buscou-se perceber e explorar as intensas interfaces existentes entre o patrimônio histórico e cultural, a religiosidade, seus lugares de memória, suas histórias, suas tradições e os deferentes modos deste imaginário ao se relacionar com a espacialidade urbana. Sob esta perspectiva, buscou-se pensar/repensar a noção de patrimônio material e imaterial através de um sítio urbano pleiteado por diversas abordagens metodológicas junto à pesquisa participante, através de entrevistas, relatos fotográficos, análise de documentos e visitações públicas a diversos logradouros para compreender as dinâmicas locais.
O Município de Cachoeira no Recôncavo congrega experiências sociais significativas de produção turística com forte preponderância no turismo religioso e de memória e pertencimento cultural. Em especial, na perspectiva das próprias elaborações arquitetônicas que se integram num mesmo espaço urbano, tendo como norte o ponto de vista do imaginário do cotidiano sociocultural, pelos deslocamentos cabíveis a um processo de tentativa constante de revitalização patrimonial organizado pela sociedade civil através do Programa Monumenta que viabilizou a reforma e manutenção dos Casarios e Igrejas do Sítio em estudo, como forma de manter presente a importância do patrimônio arquitetônico urbano que está no circuito da especulação imobiliária, fato que vem sendo abordado através do eixo Patrimônio Urbano das Cidades através da Urbanização e das Políticas de Mobilidade Urbana, pensado para cidades de médio e pequeno porte, que são responsáveis por gerir uma microrregião.
A proposito, os acadêmicos foram orientados a perceberem os impactos oriundos da mercantilização do espaço urbano, pela especulação imobiliária, ao tempo em que se organizaram para compreender de que forma e que políticas públicas são importantes para fazer da questão da preservação da memória coletiva uma questão de cidadania para a promoção do desenvolvimento social. No âmbito mais geral, interessou-se por conhecer tais dinâmicas e o modo como as populações tradicionais e não-tradicionais se relacionam com o ambiente humano em questão, quando o foco é manter tradições e ligar-se ao que é patrimônio como material e imaterial. Esta questão foi um dos elementos chaves para o empreendimento da aula de campo como ação de Extensão Universitária no prolixo diálogo com a sociedade pela implementação de políticas de afirmação social que passem pelo currículo escolar e atendam às outras demandas formativas, sendo possível confrontar teorias e hipóteses com dinâmicas que se materializam no espaço patrimonial nas áreas visitadas, favorecendo assim, a junção dos conhecimentos teóricos com o aprendizado empírico, sobre a Cachoeira, no Recôncavo Baiano, cidade heroica, palco de batalhas pela Independência, hoje  representada historicamente pela busca pelo tempo perdido, onde sua religiosidade e sua relação com a matriz africana, permeiam a elaboração e a consolidação de uma cultura relacionada a um território construído por essa gente, nascida nos eitos da escravidão que resistem preservando a memória de uma cultura de luta que esta para além da própria preservação arquitetônica do patrimônio edificado, pois resistem ao tempo dentro da própria busca pelo tempo perdido... Odoiá! Odoiá! Odoiá! 
 
Gênesis Naum de Farias
Sertão Profundo, Julho de 2014.
Imprensa Foucaultiana®

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